Café Faz Bem para o Coração?

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Qual seu efeito na pressão arterial? Produz arritmia?

Você sabia que o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo? Segundo a Organização Internacional do Café, cerca de 1,6 bilhão de xícaras de café são tomadas todos os dias. Mas será que o café faz bem ou mal para o coração? Neste artigo, vamos apresentar alguns estudos científicos que mostram os efeitos do café sobre a saúde cardiovascular. Acompanhe!

O que é o café e quais são seus componentes?

O café é uma bebida preparada a partir dos grãos torrados e moídos da planta Coffea, originária da África e da Ásia. O café contém mais de mil compostos químicos, entre eles a cafeína, que é o principal responsável pelos seus efeitos estimulantes no sistema nervoso central.

A cafeína é um alcaloide que atua como antagonista dos receptores de adenosina, um neurotransmissor que modula a atividade neuronal e a circulação sanguínea. Ao bloquear os receptores de adenosina, a cafeína aumenta a liberação de dopamina, noradrenalina e serotonina, neurotransmissores relacionados ao humor, à atenção e à memória.

Além da cafeína, o café também contém outros componentes benéficos para a saúde, como antioxidantes, polifenóis, vitaminas e minerais. Esses compostos podem ter efeitos anti-inflamatórios, anti-diabéticos, anti-cancerígenos e neuroprotetores.

Como o café afeta a pressão arterial?

A pressão arterial é a força que o sangue exerce sobre as paredes das artérias. Ela é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e é composta por dois valores: a pressão sistólica, que é a pressão máxima quando o coração se contrai, e a pressão diastólica, que é a pressão mínima quando o coração relaxa.

A hipertensão arterial é uma condição caracterizada por uma pressão arterial elevada de forma crônica, acima de 140/90 mmHg. A hipertensão é um fator de risco para doenças cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e renal.

O consumo de café pode aumentar temporariamente a pressão arterial em pessoas que não estão habituadas à bebida ou que tomam doses elevadas. Esse efeito se deve principalmente à cafeína, que estimula o sistema nervoso simpático e libera adrenalina, um hormônio que contrai os vasos sanguíneos e acelera os batimentos cardíacos.

No entanto, esse aumento da pressão arterial costuma ser transitório e não se mantém ao longo do dia. Além disso, as pessoas que consomem café regularmente tendem a desenvolver tolerância à cafeína e não apresentam alterações significativas na pressão arterial. De acordo com uma revisão sistemática de 34 estudos publicada em 2019 na revista Scientific Reports, o consumo moderado de café (até 5 xícaras por dia) não está associado a um maior risco de hipertensão ou doenças cardiovasculares. Pelo contrário, o consumo moderado de café pode até reduzir o risco de morte por causas cardiovasculares em até 15%.

Como o café afeta o ritmo cardíaco?

O ritmo cardíaco é a frequência com que o coração bate por minuto. Ele é controlado pelo sistema nervoso autônomo, que se divide em simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático acelera o ritmo cardíaco em situações de estresse ou atividade física, enquanto o sistema nervoso parassimpático desacelera o ritmo cardíaco em situações de relaxamento ou repouso.

A arritmia cardíaca é uma alteração do ritmo cardíaco normal, que pode ser mais rápido (taquicardia), mais lento (bradicardia) ou irregular (fibrilação). Algumas arritmias são benignas e assintomáticas, mas outras podem causar palpitações, tonturas, falta de ar, dor no peito e até parada cardíaca.

O consumo de café pode aumentar o ritmo cardíaco em algumas pessoas, especialmente em doses elevadas ou em indivíduos sensíveis à cafeína. Isso se deve ao efeito estimulante da cafeína sobre o sistema nervoso simpático e a liberação de adrenalina.

No entanto, esse aumento do ritmo cardíaco não significa necessariamente que o café cause arritmias. Na verdade, alguns estudos sugerem que o consumo moderado de café pode até prevenir alguns tipos de arritmias, como a fibrilação atrial, que é a arritmia mais comum e está relacionada a um maior risco de AVC.

Um estudo de coorte prospectivo publicado em 2016 na revista Heart acompanhou mais de 200 mil pessoas por até 30 anos e encontrou uma associação inversa entre o consumo de café e o risco de fibrilação atrial. Os participantes que consumiam entre 1 e 3 xícaras de café por dia tinham um risco 7% menor de desenvolver fibrilação atrial do que os que não consumiam café. Os que consumiam mais de 3 xícaras por dia tinham um risco 13% menor.

Os pesquisadores sugerem que os componentes antioxidantes e anti-inflamatórios do café podem ter um papel protetor sobre o tecido cardíaco, evitando o remodelamento atrial e a fibrose que favorecem a fibrilação atrial.

No entanto, quando o assunto é extrassístoles, estudo apontam que pode sim haver um incremento na densidade dessas arritmias, principalmente as extrassístoles ventriculares

Como o café afeta a proteção cardíaca?

A proteção cardíaca é a capacidade do coração de resistir ou se recuperar de lesões causadas por isquemia, ou seja, pela falta de oxigênio e nutrientes. A isquemia pode ocorrer por obstrução das artérias coronárias, que são as que irrigam o músculo cardíaco, levando ao infarto do miocárdio.

O consumo de café pode ter um efeito protetor sobre o coração, reduzindo o risco de infarto e melhorando a recuperação após um episódio isquêmico. Esse efeito se deve aos compostos antioxidantes e anti-inflamatórios do café, que podem prevenir ou atenuar o estresse oxidativo, a inflamação e a morte celular no tecido cardíaco.

Um estudo clínico randomizado publicado em 2018 na revista Circulation avaliou os efeitos do consumo de café sobre a função cardíaca em pacientes que sofreram um infarto agudo do miocárdio. Os participantes foram divididos em dois grupos: um que recebeu uma cápsula contendo 400 mg de extrato de café verde por dia durante 10 semanas, e outro que recebeu uma cápsula placebo.

Os resultados mostraram que o grupo que consumiu o extrato de café verde apresentou uma melhora significativa na fração de ejeção do ventrículo esquerdo, que é um indicador da capacidade de bombeamento do coração. Além disso, o grupo que consumiu o extrato de café verde teve uma redução significativa nos níveis de proteína C-reativa, um marcador de inflamação sistêmica.

Os pesquisadores concluíram que o consumo de extrato de café verde pode melhorar a função cardíaca e reduzir a inflamação em pacientes pós-infarto.

Conclusão

O café é uma bebida rica em compostos químicos que podem ter efeitos benéficos ou prejudiciais sobre a saúde cardiovascular, dependendo da dose, da frequência e da sensibilidade individual.

De modo geral, o consumo moderado de café (até 5 xícaras por dia) não aumenta o risco de hipertensão, arritmias ou doenças cardiovasculares. Pelo contrário, o consumo moderado de café pode reduzir o risco de morte por causas cardiovasculares, prevenir a fibrilação atrial e melhorar a função cardíaca após um infarto.

No entanto, é importante lembrar que o café não é uma panaceia e que seu consumo deve ser equilibrado com outros hábitos saudáveis para o coração, como uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos, o controle do estresse e a cessação do tabagismo.

Se você tem alguma dúvida sobre o consumo de café e sua relação com a saúde cardiovascular, consulte seu cardiologista ou entre em contato conosco pelo site espacovitacardio.com.br ou pelo telefone e whatsapp (92) 98812-0105. Estamos à disposição para tirar suas dúvidas e oferecer o melhor acompanhamento cardiológico para você.

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Dr. Cotta Jr
Cardiologista

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